A arte da espreita surgiu entre os toltecas durante a “Conquista”.
E ela é, de certa forma, o divisor de águas entre os antigos e os novos videntes.
Espreitar, como o verbo indica, sugere uma observação atenta e um distanciamento.
Essa distância não é física: é um distanciamento interno daquilo que está sendo observado. Os resultado desta maneira de usar a atenção são dois: compreender as rotinas e padrões daquilo que estamos observando, e também um desprendimento e desidentificação progressivos daquilo que está sendo espreitado.
A prática fundamental da Espreita é a Espreita de Si.
Os novos videntes aprenderam a espreitar a si mesmos, no contexto hostil das invasões que os toltecas sofreram. Foi o meio principal de se libertarem da importância pessoal, que poderia ser mortal naquelas circunstâncias. A auto importância havia dominado os praticantes da arte do sonhar, à medida em que se tornaram mais poderosos e caprichosos. Todo aquele poder, no entanto, se revelou inútil diante das armas dos europeus.
Espreitar a nossa pessoa leva naturalmente a compreender nossos hábitos.
A compreender as coisas nas quais gastamos nossa atenção / energia. E com o tempo, a nos desidentificarmos delas, consequentemente
economizando energia. Isso é o que os toltecas chamam de “reduzir a auto importância” ou “limpar a ilha do tonal”.
Diferente da arte do sonhar, onde aprendemos a mover o ponto de encaixe, levando a atenção à outras visões de mundo, a arte da espreita o estabiliza, pois adquirimos cada vez mais consciência da nossa visão de mundo presente.
Mas ela também induz pequenos deslocamentos do ponto de encaixe, à medida que vamos modificando ou nos libertando dos nossos hábitos.
Chega um ponto, eventualmente, onde a ilha do tonal está suficientemente limpa, e onde a nossa observação está suficientemente desprendida da nossa auto imagem. E então podemos nos dar conta, de que a nossa percepção, e a nossa pessoa, são coisas diferentes. Esse é o momento em que a espreita de si começa a nos trazer para a descoberta da Totalidade de nós mesmos.
Falaremos mais sobre a Totalidade do Ser no próximo post.
— Célula Nagual
A Célula Nagual é uma escola online de Nagualismo, mantida por praticantes de uma linhagem moderna.
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