“- Estamos todos sozinhos, Carlitos – disse Dom Genaro baixinho. – É o nosso estado.
Senti em minha garganta a angústia de minha paixão pela vida e por aqueles que me eram caros; recusava-me a despedir-me deles.
– Estamos sós – disse Don Juan. – Mas morrer sozinho não é morrer em solidão.
(…)
Don Juan olhou para mim. Eu nunca vira tanta bondade em seus olhos. Ele me disse que um guerreiro se despedia agradecendo a todos aqueles que tivessem tido um gesto de bondade ou de cuidado para com ele (…).
(…)
– Um guerreiro reconhece sua dor, mas não se entrega a ela – disse Don Juan. – Assim, o estado de espírito do guerreiro que penetra no desconhecido não é de tristeza; pelo contrário, ele está alegre porque se sente humilhado diante de sua grande boa sorte, confiante em que seu espírito é impecável e, acima de tudo, plenamente consciente de sua eficiência. A alegria de um guerreiro vem de ter aceitado seu destino, e de ter avaliado lealmente o que o espera.”
(Porta para o Infinito, Carlos Castañeda)