“Quando insisti para que Don Juan explicasse com mais clareza, ele acrescentou que todos nós temos uma determinada quantidade de energia básica. Essa quantidade é toda a energia que possuímos, e usamos toda ela para perceber e lidar com nosso mundo envolvente. Repetiu várias vezes, para enfatizar, que em nenhum lugar existe mais energia para nós, e que, já que nossa energia disponível está ocupada, não sobra nem um pouquinho para qualquer percepção extraordinária como, por exemplo, “sonhar”.
– Em que ponto isso nos deixa, Don Juan?- perguntei.
-Isso nos deixa tendo que arranjar energia por conta própria, onde quer que possamos encontrá-la.
Don Juan explicou que os feiticeiros tem um método de arranjá-la. Eles redistribuem inteligentemente sua energia cortando tudo que consideram supérfluo em suas vidas. Chamam esse método de caminho do guerreiro. Em essência o caminho do guerreiro, segundo Don Juan, é uma cadeia de escolhas de comportamento ao lidar com o mundo, escolhas muito mais inteligentes do que aquelas que nossos pais nos ensinaram. Essas escolhas dos guerreiros destinam-se a recompor nossas vidas, alterando nossas reações básicas com relação a estarmos vivos”
(A Arte do Sonhar, Carlos Castañeda)