“Como alguém pode perder a forma, sem nem sequer viver no corpo? Se a mente se perde em devaneios e ideias, no passado e no futuro, em estímulos aleatórios do ambiente, ignorando o corpo e o presente, como se fosse uma cabeça cheia de desejos acreditando arrastar um corpo como um adereço, ou mesmo um peso morto?
Antes de perder a forma é preciso conquistar a forma, que até então é dominada pela mente dos voladores e a ordem social. Recuperar o corpo, se familiarizar mais e mais com ele, e seus vários pedacinhos que rejeitamos e pros quais nunca se deu atenção antes, com suas tensões, cargas emocionais, e que ao serem reintegrados à consciência de ser, voltam a ser silêncio e bem estar. Pois a consciência do corpo é a âncora que mantém a atenção no momento presente.
É juntando essas várias “nações”, com interesses distintos, em uma unidade global, uma sensação de unidade interna, um espaço de consciência interior, que começa a ressoar nesse vazio interno a voz do Espírito, a vibração da vida, sutil, a sensação de estar vivo, presente, alerta. E quanto mais atenção essa chama recebe, mais forte se torna.
E só então, através dessa jornada de conscientizar, sanar, reintegrar o corpo, e redescobrir e se reconectar com a porção de nagual contida dentro dele, que a perspectiva de perder a forma, de perder a ideia desses limites, faz sentido. Pois não é a forma que se está perdendo a si mesma. Mas o nagual que começa a transcender os limites do corpo, limites criados e mantidos pela força do diálogo interno.”
Jeremy Christopher