“Dentro do Caminho do Nagualismo a energia fundamental que é propulsão das mudanças cruciais de posição do ponto de aglutinação é a energia sexual, a energia mágica de nossa fecundação e geração, e continua no desenvolvimento de nosso corpomente e finalmente na reprodução da espécie, e toda cultura gira em torno dessa fundamentação automática da existência. Mas é pouco não acham? Na medida que o organismo se desenvolve e se reproduz em descendentes, PERDERÁ o sentido vital e a frescura vital de perseverar na existência, o decaimento da vitalidade e o envelhecimento disparam o relógio do fim da vida. O que resta então, é remendo e sucedâneo da autêntica sede-de-viver da juventude.
Assim, se alguém foi preservado desta decadência por um simples ato de questionar o sentido da existência, não deixou as forças rolarem á vontade de uma libido instintiva e desenergizante, certamente encontrará forças pra dar a volta por cima e reencetar o caminho da recuperação da energia que o nagualismo propõe, e afinal passar pela porta estreita da partida da vida de modo digno como combatente/guerreira.
No nagualismo descrito por Castaneda nos seus livros, em geral se alerta pra comedimento com a energia sexual, evitando se servir dela como um faminto e vampiro, ou mesmo se aconselhando o celibato e recapitulação dos enlaces da energia sexual, e todas as relações onde a energia esteve emaranhada e levou a dissipação e parasitismo.
No entanto, os videntes do ciclo de dom Juan não se envolviam sexualmente entre si e fora do círculo, não formavam família nem filhos. Não é o nosso caso em sociedade e cultura. Mas temos de ser SELETIVOS com nossas relações e energia sexual, ou nada alcançaremos de estável no caminho da regeneração e integração do nagualismo. Não está no fundo em nossas mãos e vontade egocentrada a solução pra esse impasse entre relação sexual e ao mesmo tempo evitar o instinto natural de expulsão, fecundação, decaimento da vitalidade por doação e troca de energia, tantas vezes trocas espúrias e malfadadas, mas temos de fazer nossa parte em sentido de alcançar domínio/maestria com a energia sexual dirigia em sentido de manter a homeostase energética e dirigí-la em sentido da integração e movimentar o ponto de aglutinação em sentido da faixa humana da totalidade no casulo. Esse tipo de relação é denominado TÂNTRICO-TAOISTA pela tradição.
Encontrarmos parceiros adequados é essencial neste processo de Seletividade que o caminho exige, e não repetir os mesmo vícios que as relações egocentradas perpetuam. Se não for o caso, mesmo parceiro (a) inadequado pode ser uma relação de transição, já que o combatente/guerreira não está por princípio buscando uma união romântica ou funcional em termos normais da cultura, obviamente. É um longo processo que tantas vezes é desencontrado e contraditório, mas tem de ser explícito dentro do possível e consciente dos perigos que a energia sexual tântrica acumulada, a kundalini carregada de resíduos cármicos reptilianos nossos e nossos ancestrais, pode nos levar a perigos, tentações e abusos, até criminosos.
Portanto, se não formos capazes de senso de limite e sobriedade, é melhor ficarmos na faixa medíocre mesmo da sexualidade, transarmos habitualmente e aceitarmos o destino comum natural. Só não vale ansiar por uma coisa e fazer outra. Numa união com parceiro/a adequado, a relação sexual não é ansiosa, não se pratica por carência e volúpia de vampiro, por ânsia de posse e dominação, por preencher vazio e frustrações. O controle por parte do homem é um longo processo de contato e conhecimento de si próprio, cada qual a partir de sua ´forma-de-pão´ cármica pessoal e dos ancestrais, uma integração de sua energia da infância e andrógina, já que o típico macho fascista não é capaz desse domínio tântrico, já que seria contradição entre a ansiedade do macho fascista e a sutileza do domínio tântrico. Mas também necessita a participação da mulher no processo, mesmo que seja por meio de forma indireta, através do exemplo do homem nesta direção, pois a mulher em geral não é convencida com raciocínios mas com exemplos e ação.
Todo o processo é bem mais que simples técnicas de controle e respiração, pois com a INTENÇÃO ocorrerão sincronismos de conhecimento e ações providenciais que resultará em modificação do ponto de aglutinação da percepção e da auto-consciência, com redução da preponderância da mente/cérebro reptiliano-animal sobre o holograma do tear mágico neocortical, e surgimento do domínio dentro das premissas do Caminho do Intento. Quando o homem alcançar domínio suficiente no controle tântrico, alcançará colaboração e compartilhamento de sua parceira sexual ou cônjuge de vida. O intercurso sexual se tornará uma fusão de energia/corpomente e impulso do ponto de aglutinação pela faixa central Humana das emanações do casulo, e ambos estarão ligado a fontes cada vez mais plenas de energia, não dependerão de laços limitadores um sobre o outro como assaz sucede com casais normais.”
– Dinarte Medrano