Mover o ponto de encaixe é, como disse dom Juan, a coisa mais complicada e também a própria simplicidade.
O que torna o movimento complicado são os diversos comandos que se alimenta, inconsciente ou semi-conscientemente,
para que ele permaneça exatamente onde está.
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Esses comandos são as convicções que se tem a respeito do mundo. Tudo aquilo que achamos que é “óbvio”, “lógico”,
todas as certezas de que as coisas são de um jeito e não de outro, toda essa sensatez aparentemente sana, racional e inofensiva,
são comandos eficientes para reforçar e condensar essa posição consensual da percepção que chamamos de racionalidade.
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O universo não é óbvio, nem é lógico segundo uma premissa linear.
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A sua lógica, é a lógica de que QUALQUER premissa em que se acredite se torna um COMANDO pra percepção.
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De novo: a sua lógica é a lógica de que qualquer premissa em que se acredite se torna um comando pra percepção.
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A lógica racional é apenas uma entre inúmeras maneiras possíveis de intentar perceber o universo.
O fato de que essa seja a premissa compartilhada e defendida pela maioria da humanidade não torna ela a única.
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Certamente faz com que nos sintamos respaldados pela maioria, e seguros por ser parte de uma concordância pela qual não somos individualmente responsáveis.
Afinal, muitos cientistas e autoridades que “certamente devem saber do que estão falando” afirmam isso, e a maioria concorda, então “eu me sinto mais seguro em acreditar nisso também”,
e então isso, que não é e não era uma verdade absoluta, é aceito como um comando pra minha percepção também.
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Essa insegurança está apoiada na crença equivocada de que existe um jeito certo de perceber as coisas (o respaldado pela maioria e pelas autoridades racionais), e que o resto é loucura ou ignorância.
Do ponto de vista da energia, existem virtualmente ilimitados jeitos possíveis e imagináveis de perceber, não existe um que seja real em detrimento de outros.
Essa é a liberdade potencial e o poder criativo que todo ponto de encaixe tem por natureza.
Como disse dom Juan a dom Carlos, “quem é você e sua pequena razão para tentar impôr correntes ao pensamento?”
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A medida que deliberadamente desconstruímos e abstraímos essas convicções, uma a uma,
mais e mais silencioso e propenso a se mover o ponto de encaixe se torna.
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O silêncio é a marcha neutra que permite engatar um novo comando/intento. Ele nos permite desconectar da percepção presente e começar a sintonizar uma nova percepção.
Você IMAGINA como é estar aquieagora nessa nova perspectiva, e vai intensificando o alinhamento com essa perspectiva. A visão. A sensação. O sentimento. Até que se engate numa nova vontade.
A imaginação aciona o ponto de encaixe do corpo de energia e é a chave para sintonizar um novo alinhamento.
Os detalhes desse processo podem ser aprofundados num outro texto.
Silêncio não é simplesmente o instante de não falar consigo mesmo. Esse é um dos graus na escala do silêncio.
Às vezes estamos calados em pensamento, mas ainda estamos alimentando e carregando convicções silenciosas sobre o mundo e sobre nós mesmos.
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Silêncio é silenciamento de todas as convicções e interpretações.
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O Silêncio permite movimentos livres do ponto de encaixe. Mas não é preciso atingir/sintonizar-se com o silêncio absoluto, necessariamente, pra ser capaz de mover a percepção.
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O movimento pode começar independente de onde o ponto de encaixe se encontre.
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Plantar uma nova intenção e cultivá-la com intento inflexível é um meio de mover o ponto de encaixe progressivamente pra alinhar o que quer que se esteja intentando, qualquer perspectiva ou experiência, das mais simples e acessíveis às mais aparentemente impossíveis racionalmente. O processo pode se desenvolver mesmo que inicialmente em meio a um dialogo interno contraditório. A ferramenta é a mesma que foi usada pra consolidar a racionalidade: a insistência e repetição.
O segredo, como dizem os novos videntes, é mudar a história que contamos a nós mesmos. O segredo está naquilo a que damos atenção.
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Se persistimos, pouco a pouco os pensamentos e sentimentos vão se ajustando a essa nova intenção.
É um deslocamento mais devagar mas igualmente efetivo, na medida em que a semente desse novo alinhamento vai sendo cultivada consistentemente.
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As condições do Intento, segundo os novos videntes, são três: audácia, frieza e entrega.
A audácia de que crer que é possível intentar agora mesmo o nosso intento, e intentá-lo como uma realidade agora.
A frieza é o que corta os laços com a percepção atual e faz com que não se leve nem o novo intento tão a sério, nem a nós mesmos.
A entrega é soltar o controle pessoal e deixar que o intento parta do corpo de energia e que ele realize o processo de alinhar a percepção daquilo que está sendo intentado.
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Pra encerrar esse texto, o fator crucial na libertação do ponto de encaixe é a compreensão.
A compreensão acerca de como o nosso ser funciona.
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Não a ideia que temos do nosso ser dentro da descrição particular da razão, mas a compreensão de como a percepção funciona no nível energético.
Essa compreensão foi formulada pelos novos videntes como as “verdades da consciência de ser”.
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Só conceber ou entender intelectualmente essas verdades não é suficiente, mas começa por aí. É preciso corroborá-las experiencialmente.
O silêncio, a espreita de si, o ensonhar, são as bases a partir das quais essas verdades podem começar a ser corroboradas experiencialmente e compreendidas:
é observando e compreendendo nosso próprio ser a partir do silêncio que em algum ponto compreendemos como essas verdades se aplicam e sempre se aplicaram à nossa realidade.
— Luno Maroscuro
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