“O guerreiro em formação geralmente não tem tanta confiança no seu próprio experienciar. Fica impressionado com os relatos dos livros, o alcance do conhecimento dos personagens, as palavras desconhecidas, que fazem aquilo parecer de certa forma um universo maravilhoso, longe da sua realidade imediata, que parece ausente de magia e poder.
É como se essa forte impressão criasse uma névoa que se interpusesse e impedisse de examinar as experiências presentes à luz deste conhecimento, de conectar os pontos, num tipo de humildade supersticiosa. Como se ficássemos a esperar que algum evento sobre-natural ou algum poder fora do normal aflorasse e validasse nosso aprendizado, desviando enquanto isso a atenção de examinar mais a fundo e com mais cuidado o valor da experiência aquieagora, em sua aparente normalidade.
Confie no seu ser! O ser essencial que dom Juan, Florinda, Silvio Manuel, Clara, Genaro, Esperança, Vicente tinham à sua disposição não era especial. Era o mesmo instrumento que de forma geral cada um tem a disposição. A aparente normalidade da sua experiência aquiagora é só uma camada superficial, como diziam os velhos naguais, “uma camada de verniz dourado’, de racionalidade. Não se deixe iludir por palavras exóticas e desconhecidas.
A experiência da consciência de ser, por trás de todas as palavras, é uma só, e é o que você tem, aquieagora, e isso não vai mudar daqui a 10, 20, 50, ou 200 anos de caminhada, independente de quantas técnicas ou conhecimentos você venha a dominar ou não, independente de quantos adornos coloque por cima da sua experiência básica, que contém em si a totalidade.
Enquanto não Vemos, é muito fácil se deixar enganar por alguém que fale sobre coisas que desconhecemos e que pareça saber mais.
As verdades sobre a consciência de ser, apresentadas no “Fogo Interior”, são verdades sobre o SEU Ser. Examine elas cuidadosamente. Quão distante da Águia infinita você pode estar? Se o seu conhecimento estiver maior do que a sua experiência prática, se sua experiência real parece banal e conhecida, se a realidade dos livros parece algo longe de ser alcançada no futuro, tome consciência de que “deve ter” um erro fundamental na sua interpretação das coisas. Esqueça um pouco as palavras, esqueça tudo por um tempo, esqueça o que você ‘deveria estar experienciando’ e o que acha que sabe, apenas conte com o que você pode verificar imediatamente, aquieagora, pois só isso será um conhecimento prático que não te abandonará, e se o conhecimento tolteca não for sobre isto, que utilidade ele tem? Contemple, e contemple, e contemple o seu Ser. Em silêncio e alerta. Confie no poder das suas próprias constatações, por menores que sejam. Elas não são superstições, nem confusão, mas os únicos verdadeiros tijolos dos degraus de uma escada sobre os quais pode se apoiar para ir um pouco mais alto e um pouco mais fundo na sua compreensão do mistério de existir. A partir disso os pontos desconexos se conectarão.”
(Jeremy Christopher)