“A Espreita na primeira atenção é como um grande labirinto.
O guerreiro não sabe bem por onde começar, não sabe como sair, tem apenas o chamado no seu coraçao o guiando
a caminhar num caminho abstrato e sem pegadas. Pega um fio da meada, e vai começando a desenrolar o novelo.
Em cada esquina do labirinto, muitas outras esquinas se abrem. Cada cabeça de auto importância que corta,
cada padrão que aprende a observar e se desidentificar, mais três ou quatro cabeças se apresentam.
A medida que persiste ele evolui no sentido de fortalecer seu propósito, sua paciência, sua implacabilidade com sua própria pessoa,
mas é a sua esperteza, ligada, alerta, que vai começando a entender como o jogo funciona.
O primeiro ponto de mutação acontece quando a primeira atenção começa a espreitar a si mesma. Sua forma instável, de pousar
sobre as superfície das coisas, sua dificuldade de se manter constante em um só lugar, de se atrair por pensamentos e
imaginações, sons e ruídos e luzes. Principalmente, o Espreitador, Espreitadora, percebe que sua experiência é DETERMINADA por aquilo em que
sua primeira atenção está focada e é inexistente para aquilo que está sendo ignorado por ela.
Numa mesma cena pode ver uma raríssima e belíssima planta, que o enche de maravilhamento quando pousa sua atenção nela,
e um pouco ao lado uma pessoa absolutamente miserável tendo o pior dia de sua vida, que instiga sua compaixão e tristeza quando se foca nela.
A experiencia depende totalmente de onde a atenção vai.
Percebe também que a experiencia tal como é só dura o tempo em que sua atenção se mantém focada no que está focada. Está com sua atenção vagando em lembranças de seu melhor amigo ou amiga de infância, cheix de sentimentos de nostalgia, repentinamente toca o telefone com a propaganda de telemarketing vendendo assinatura de tv a cabo pela 4a vez no dia e se enche de raiva.
Não é exagero dizer que na primeira atenção, o Guerreiro É, experiencialmente, aquilo a que dá atenção.
Os videntes explicam isso como um desnate. Certos aspectos energéticos que são enfatizados em detrimento de todos os outros que estão ao alcance da percepção.
É com sua Esperteza, alerta, atenta, que o Guerreiro vai se dando conta de que não há possibilidade de sair da primeira atenção USANDO a primeira atenção. É um movimento monótono de fragmentação em fragmentação, e a única coisa que dá a ilusão de que tem algo acontecendo
é a mudança de experiencia passageira que cada coisa em que se concentra dá.
Como uma tela, com flashs e cenas diferentes a cada segundo, onde criamos toda uma história viva, uma impressão de movimento, que na realidade só ganha vida na nossa imaginação.
Pois essencialmente não tem nada acontecendo, só uma tela imóvel.
E é absolutamente a mesma coisa com a história de evolução dentro do labirinto, de que se está chegando em algum lugar.
Nesse processo de Espreitar-se a Si mesma, algo se separa da primeira atenção. Um sentido de Eu pouco a pouco toma consciência de si, a parte dela. Não é criado nem produzido, é apenas uma faceta dormente que começa a despertar. Algo que toma consciência de tudo que ocorre no nosso entorno, inclusive dos movimentos da primeira atenção.“
(Jeremy Christopher)