“Poema para se espreitar….
“Tão longe estou
do começo deste caminho
que já não reconheco os rostos
daqueles sentimentos perdidos
Envolta tudo é novo
e entre o novo estou sozinho,
e quase já não vejo os traços
de tudo que eu havia sido
Eita esta agonia,
desta caminhada!
Minhas mãos vazias
tentando agarrar o Nada
que me escapa entre os dedos,
e eu sorrio e me aborreço, choro,
recomeço, adoeço, morro de risada
E morro mais a cada passo,
e de Você me aproximo,
já não vendo mais os traços
de tudo o que eu havia sido,
desesperadamente tranquilo
vai o rio me levando
para fora do ovo,
onde paira o incognoscível
que reflete o vazio
que habita no meu torso
e se derrama sobre a vida
feito fogos de artifício
insensata celebração
da ausência de sentido
de se alegrar ardentemente
pela cor de uma flor
por um timbre caloroso
por um sonho colorido
leve como o pensamento
mas tão profundamente buscado,
orado, sentido…
Devaneio e meio
que segundo todos os cálculos
nunca poderia vir a ter existido
Mas, me gasto neste passo,
neste espaço,
neste anseio
pelo pleno abraço,
me gasto nos olhares,
na quentura dos raios solares,
neste pulsar incessante
na beleza dos seus dedos nus
em palavras leves e dispersantes,
no silêncio que me engole,
e até nas dores que a vida traz,
Ai meu Pai!!!
Me gasto
sem olhar pra trás!!!
Me encho até não poder mais,
me gasto no seu sorriso
e no canto pulsante dos grilos,
na faísca que quer ver
o fogo do seu olhar acendido!
Me gasto no que me consome.
Na fome que nunca some!
Na delícia e na certeza de sonhar
que em algum dia próximo e em algum lugar
este caminho vai desembocar
e se desdobrar
em um milagre que nunca terá nome”
(Jeremy Christopher, 2013)