“Para um guerreiro que aprendeu a ver, tudo é loucura. Tudo.
Não só o comportamento despropositado, destrutivo e não deliberado dos seus semelhantes,
mas também a sua própria vida, cheia de disciplina, controle e propósito.
Pois ao Ver que apenas a luminosidade é real, o guerreiro percebe que tudo
que ocorre na superfície da sua ilha é temporário, apenas relativamente real,
carente de realidade permanente. A única realidade permanente é a sua própria visão,
que ocorre dentro do seu ovo, e que em sua essência é indivisa, una. A totalidade do seu ser.
Do seu Ser, mas não O Todo.
Tornar-se guerreiro foi apenas o primeiro passo de sanidade dentro da insanidade.
Mas este primeiro passo é uma semente que carrega em si todo o dna potencial da sua realização como ser luminoso.
Para um guerreiro que Vê, não é ausência de loucura dizer, saber ou crer que é importante viver como um guerreiro
tanto quanto não é ausência de loucura dizer que o que importa é o que a televisão ou o consenso coletivo nos diz que importa.
Tudo é loucura.
Não existe eu e você, não existe fazer, conquistar, lutar, isso tudo sao concessoes que fazemos
dentro do não questionamento da nossa visão de mundo, a partir do momento que aceitamos como fato natural e inquestionado
a hipótese da forma humana da consciencia.
Para um guerreiro que Vê, tudo que há é a luminosidade interagindo com a luminosidade como se fosse diferentes pessoas.
Ainda assim, o vidente Vê sua pessoa compelida a interagir no mundo de acordo com as premissas das “demais” pessoas:
de que existe um eu diferente do você, e um universo de objetos nos rodeando.
Mas ele faz isso sabendo perfeitamente que nada disso é real, ou tão real quanto gostamos de fazer parecer que seja,
e sabendo que o que realmente merece ser chamado de real – por ser constante, estável, perene,
tanto na vigília quanto no sonhar – permanece e permanecerá intocado e inalterado pelo que ocorre na superfície.
Assim, pela primeira vez, permite totalmente que sua pessoa seja simplesmente de acordo com sua própria natureza,
sem impor como condição transformá-la em algo diferente do que é.
Pode agir com um louco, e falar como um louco, mas a aura que emana da sua presença é
de pura paz. Pode se dizer então que embora aja como louco, sua loucura está controlada.“
(Jeremy Christopher, 2017)