“A nossa visão de mundo racional, através de muita repetição e do consenso coletivo, acaba se transformando em uma prisão. Uma prisão frequentemente cinzenta, apertada, solitária e quase impossível de se escapar. Os videntes toltecas, através de séculos de investigações, chegaram à compreensão cristalina de que a pedra angular que sustenta essa visão de mundo é a nossa Autoimportância Pessoal excessiva. A IDEIA e imagem que temos de nós mesmos.
Gastamos toda nossa energia defendendo essa imagem dos ataques reais e imaginários que sofremos dos outros, como se fosse nosso bem mais precioso.
Os toltecas foram mais além e perceberam que quando nos entregamos a sentir pena de nós mesmos, estamos na verdade apenas repetindo essa mesma rotina de colocar nossa própria vaidade em primeiro plano.
Perceberam que o jeito como cada ser humano perpetua a Autoimportância Pessoal é conversando consigo mesmo continuamente, e que essa tagalerice nos tira da consciência da vida acontecendo agora, no presente, sempre pensando em algo que se passou no passado ou pode vir a passar no futuro.
Assim, descobriram uma série de medidas práticas pra desenvolver a força interna necessária para silenciar o diálogo interno e romper com essa escravidão mental. E chamaram a esse conjunto de medidas de Caminho do Guerreiro.
Os guerreiros e guerreiras sabem que seu tempo na Terra é curto demais, que a vida é preciosa, e aprendem a tomar consciência de sua Morte iminente para fazer cada momento contar. Quando lidam com um problema, aprendem a não se desesperar nem lamentar, pois assumem a responsabilidade pelos seus atos que o conduziram até aquela situação. E ao invés de tomar as coisas como tragédias ou bençãos, aprendem a tomá-las como desafios, onde só o que conta é dar o seu melhor. E quando estão obcecados com algo, se aconselham com sua Morte e lhe perguntam se aquilo realmente importa tanto. e Ela lembrará que a única coisa que importa é que ainda não os tocou.
Os guerreirros e guerreiras aaprendem lentamente a se apagar, deixando de contar o tempo todo o que fazem e fizeram e estão fazendo, dissolvendo pouco a pouco as expectativas sólidas, formadas e fechadas que as pessoas – e elxs mesmos – têm a seu respeito.
Há duas grandes artes às quais os guerreiros toltecas se dedicam a aperfeiçoar: a Arte da Espreita e a Arte do Sonhar.
O dominio da Arte da Espreita é o paradoxo de saber se desprender de todas as situações, pensamentos e emoções, e ao mesmo tempo, saber estar intensamente imerso, alerta, integrado e participativo na ação.
A Arte do Sonhar é a prática de adquirir consciência de si nos Sonhos, que pode ser aperfeiçoada a ponto de transformar os Sonhos em uma “segunda vida”, tão ou mais real do que a vida habitual, e com possibilidades infinitamente mais amplas, tornando os sonhadores capazes de acessarem estados de consciência extraordinários sem precisarem de substâncias de poder.
A energia economizada na redução da vaidade se converte no que os toltecas chamam de Poder Pessoal, um tipo de vibração que começam a sentir no interior do corpo, que faz com que se sintam cada vez mais viv@s, presentes, sábi@s, confiantes, seren@s, e que faz as coisas agirem misteriosamente a seu favor.
Compenetram-se nesse poder interior para silenciarem suas mentes, por poucos segundos de cada vez no começo, e pouco a pouco por períodos mais longos, passando a Sentir mais, e Interpretar menos a vida.
Quando a guerreira-o acumula suficiente Silêncio Interior, chega um momento mágico de ruptura que os toltecas chamam de “Parar o Mundo”, quando a nossa Visão de mundo enfim Para, e o Mundo deixa de ser o que sempre foi, abrindo as portas da Segunda Atenção.“
(Jeremy Christopher)