O corpo de sonhos, uma criação do lado ativo do nagual, é uma entidade altamente sugestionável.
Adquirir um entendimento dessa mecânica é vital para não ser vítima fácil de superstições de todo o tipo.
Como disse o nagual Juan Matus, o nagual está às ordens do guerreiro.
Na conscientização silenciosa, um comando sóbrio e neutro se torna uma ordem para a percepção.
Imediatamente a percepção começa, primeiro a ter vislumbres de sensações dessa realidade que está sendo sugerida/intentada, e ao enfatizar em seguida esses vislumbres, torna as sensações correspondentes àquela realidade/alinhamento mais e mais perceptíveis e reais, até alinhá-las por completo, ocasionando o deslocamento do ponto de encaixe.
Quando repetimos coisas para nós mesmos uma e outra vez no dia a dia, condicionamos o corpo sonhador a perceber essa descrição como real. Por isso um guerreiro é responsável com o poder das palavras.
Nada é absolutamente real. A realidade de tudo depende da nossa percepção, e o que percebemos depende do que acreditamos, das sensações que damos atenção e enfatizamos, e das que ignoramos e ofuscamos.
No entanto, pra ser capaz de mover a percepção, um guerreiro precisa primeiro se imunizar contra a enxurrada de comandos racionais que são inseridos em seu diálogo interno pelos voladores, pela força do hábito repetitivo e as reafirmações do mundo em volta.
Se imunizar é adquirir sobriedade – controle, disciplina e paciência – e através da insistência aprender a resistir ao poder de blefe da falsa mente, não reagindo automaticamente nem tomando imediatamente suas sugestões como verdade, ou como seus “próprios pensamentos”‘, e isso implica desafiar tanto o Medo por trás desses blefes, quanto a Clareza por trás da interpretação consensualmente aceita do que é ou não real.
Esse desprendimento e o silêncio que com ele se abrem são a base para colocar o ponto de encaixe no “ponto morto” antes de poder engatar a primeira marcha de um novo comando.
– Jeremy Lugros