“Napaykuna!
Hoje gostaria de compartilhar com vocês um pouco da hermética Xamaria Pukina, referente a questão dos Seres Duplicados. Antes de entrar no assunto propriamente dito, terei que falar um pouco da Cosmogonia Pukina que narra que a origem do Cosmo e de todas as coisas provem de um Espírito Cósmico (Spíritu) que criou tudo o que existe. Spíritu, segundo os Hamawttas Pukinas é uma Consciência que habita tudo que existe (vivo ou morto) no mundo. Para os Pukinas, enquanto vivos temos uma consciência individual, mas ao morrermos a devolvemos ao Spíritu que nos emprestou para vivermos. Porém essa consciência devolvida, será usada para criar novos seres que herdarão a experiências de vida e a compreensão de seus predecessores, ou poderão habitar o ch’iwi (duplo) caso “seu proprietário” tenha kamaqenc (força vital) para transferí-la no momento da morte e continuar vivendo no Mundo Espiritual.
Kawaks (xamãs videntes) que conseguiram ver o Spíritu, viram que ele se assemelha a um gigantesco polvo em que seus tentáculos são feixes de luz viva e conscientes, e tem uma força numinosa chamada “intento” (similar a força de vontade). Os Kawaks viram que os seres vivos surgem desses fios luminosos e por essa razão são chamados de “emanações do Spíritu” (Castaneda em seus livros, narra algo bem parecido).
Os Pukinas dizem que os seres vivos são divididos em dois tipos de pessoas:
• Pessoas Comuns: Seres vivos surgem como bolhas de energia (poq’po) ao longo dos feixes de luz, e num determinado momento se dividem em duas. Uma metade fica com a maior parte da energia feminina e a outra com a masculina. Em seguida, cada uma delas se separam, sendo que a feminina dá origem a duas mulheres e a masculina a dois homens. Ou seja, uma bolha se divide em quatro pessoas;
• Seres Duplicados: Estes seres nascem de outro tipo de divisão. No caso, o poq’po original se divide em duas partes, feminina e masculina como as pessoas comuns, porém tanto a metade feminina e masculina ao se dividirem outra vez… não se separam. Neste caso as bolhas ficam coladas uma a outra, surgindo uma mulher e um homem duplicados. Os Kawaks ao olharem para eles, vêm dois poq’pos sobrepostos um ao outro… como se tivessem dois Campos de Energia Luminosa.
Os Kawaks acreditam que o anseio intenso que a maioria de nós temos de encontrar a “alma gêmea” é a saudade de reencontrarmos aqueles que nasceram do mesmo poq’po que nascemos. Platão também postulou essa mesma ideia, dizendo que num tempo original todos os seres eram esferas com quatro braços, quatro pernas, dois troncos, dois rostos e uma só alma. Mas que em um determinando momento da história cósmica foram divididos ao meio. A Cabala coaduna da mesma teoria, dizendo que quando a alma foi criada, outra foi concebida juntamente com ela; ou seja; de uma alma primeva, originam-se dois corpos distintos que vêm à Terra em tempo e locais diversos, consoante com o seu estado de evolução.
Como vimos, os seres duplicados vêm aos pares, homem e mulher, e não são divididos em quatro como as pessoas comuns… apesar de estes virem aos pares também. Ao nascerem, o Spíritu dá aos duplicados a ordem de se encontrarem. Por essa razão, eles têm esse desejo profundo durante toda a sua existência. Isso ocorre, porque eles têm um Destino Especial e são criados para cumpri-lo. Para cumprirem esse “destino”, é necessário que seres duplicados sejam reunidos como um casal. Sendo assim, o Spíritu faz com que cada ser duplicado possa encontrar o par com quem nasceu, pelo menos uma vez na vida. Mas isso não significa que seu par seja a também pessoa certa para você (caso seja um ser duplicado). Caso você queira conhecer o seu “Destino”, mas o seu par não esteja a fim ou sirva para você, o Spíritu arruma uma solução arrumando um outro par que esteja sozinho (como diz o ditado; todo pé tem o seu sapato… rs). Os Hamawttas Pukinas dizem que um ser duplicado pode ficar com qualquer outro duplicado que escolher, desde queiram trilhar juntos os seus destinos. O Spíritu não permite que um ser duplicado se junte com pessoas comuns, somente com outro ser duplicado… por essa razão, muitos relacionamentos não dão certo.
Munay”
– Wagner Frota