“Os videntes toltecas recomendam a não-piedade como um remédio para libertar o ponto de aglutinação da certeza de ser um corpo físico, e do apego obsessivo à própria imagem.
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A não-piedade não é um fim em si, mas um meio para separar a 2a atenção da 1a.
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Esse processo é o processo de passar todos os itens do tonal por uma avaliação racional sóbria e lucida… consciente da iminência da morte… de modo a perceber gradativamente que tudo é vazio de importância. E que inclusive as coisas que nos são mais sagradas, especialmente nosso “amor próprio”, são histórias/descrições nas quais nos entregamos a acreditar, histórias que criam fragmentações no nosso ser.
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Esse movimento também é chamado de romper o espelho da auto-reflexão.
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Os videntes afirmam que essa desidentificação se dá por meio do fortalecimento do tonal, e isso ocorre através da impecabilidade, e não da autodestruição dele. Um tonal forte pode se reduzir e entregar o controle sem precisar ser destruído.
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As plantas de poder, neste processo, não tem outra utilidade senão a de relativizar a importância da nossa visão de mundo. Não tem vantagem nenhuma para o ponto de aglutinação em se agarrar à uma visão de mundo concedida pelo empurrão de uma planta, ao invés de uma concedida pelo empurrão do consenso social.
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Esvaziar o lado esquerdo da ilha do tonal permite que o ponto de aglutinação possa se refletir a si mesmo neste vazio.
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No momento em que isso ocorre o ponto de aglutinação acessa o silêncio interior. Aos poucos de cada vez, acumulando silêncio de todas as maneiras possíveis, por esforços e sacrifícios, ou por profundo abandono e desapego… até que enfim o ponto de aglutinação se reconheça a si mesmo e comece a Ver.
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Nesse momento em diante qualquer visão de mundo perde seu poder de nos confundir e a liberdade total passa a estar ao alcance das mãos.
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Mas tudo começa pelo intento inflexível, e a dificuldade do processo é proporcional à força com que nos agarramos às nossas interpretações.“
(Jeremy Christopher)