Parte 1:
Após muito tempo nosso grupo havia se reunido, encontramos uma companheira em uma cidade e depois fomos nossa vento sul até a sua casa, em outra cidade.
Aqui cabe explicar que nosso grupo inverte as personalidades dos ventos descritos nos livros de Carlos Castaneda devido as correntes de vento do planeta. Assim o vento norte, descrito nos livros, é o vento sul e vice-versa.
Assim que descemos do carro ela convidou nossa outra companheira de jornada, os outros dois homens e eu, para ficarmos na casa dela.
Nós quatro concordamos e ficamos, em uma das noites me deite para dormir, mas dessa vez ao invés de simplesmente deixar o Corpo Onírico “solto” para se projetar onde quisesse, internei me projetar dentro da casa, depois de algum tempo abri os olhos no lugar onde dormia, olhei para a direção da porta do banheiro e vi a vento norte em pé, com um vestido de noite muito bonito, mas muito vulgar.
Do meu silêncio interior me ocorreu que era um sonho, e aquela era a forma dela de apontar isso, falar nos sonhos gasta muita energia, mas para quem sabe sonhar, um detalhe basta.
Me levantei, e andamos de forma ritimada e sincrônica, cada passo que eu dava na direção dela, ela se afastava no mesmo tempo e ritmo. Assim passamos pelo quarto onde um dos nossos companheiros dormia na cama, cheguei a ouvir os roncos!
E saímos pela porta do quarto, apenas andando, sem dizermos uma palavra. Paramos na frente de uma das árvores para contempla-la na noite que exalava mistério e nos encaminhamos para descer a ladeira que levava a rua.
Descemos lado a lado pela ladeira e atravessamos a luz dourada brilhante que emanava ali partindo para outro lugar no Universo.
Parte 2:
Nosso grupo estava reunido, ainda na casa da nossa vento sul, e aqui vale explicar que nosso grupo inverte as personalidades do vento sul e vento norte, descritos nos livros de Carlos Castaneda tornando o vento norte dos livros o vento sul e vice-versa.
Em certo momento o Silêncio Interior me invadiu, o mundo passou a ter algo que chamo de “qualidade de sonho” e resolvi me deitar no chão da sala. Em pouco tempo já havia me projetado para um lugar distante no espaço, era um lugar escuro como o céu noturno e com uma textura pegajosa.
Olhei em volta e ouvi muito distante e fazendo um eco a voz da vento sul:
-Elarian!
Fiquei em dúvida se devia voltar ou seguir, mas focalizei a voz dela e comecei a retornar, passei a ter consciência do lugar em que estava e do meu Corpo Físico ao mesmo tempo. Sentada atrás do meu corpo, em um sofá, estava a vento norte, a frente o nagual do nosso grupo e uma outra companheira de jornada.
“A meio caminho” do Corpo Físico, ouvi a voz do nosso nagual, bem mais próxima:
-Elarian está no mar escuro da consciência, já acorda e retorna para nós.
Parei, voltei a focalizar o lugar onde estava, mas acabei indo a um lugar diferente, uma energia se desdobrou na minha frente, como se desdobra um cobertor, enxerguei diversas luzes amarelas, eram parecidas com olhos distantes flutuando na escuridão.
Fiquei um tempo contemplando aquele lugar e pouco depois acordei.
— Elarian Gallanodel